quarta-feira, 14 de julho de 2021

VSP comenta o cinema brasileiro atual: “A Senhora Que Morreu no Trailer” (2020)

 A Senhora Que Morreu no Trailer” *** (Brasil, 2020, documentário, direção: Alberto Camarero e Alberto de Oliveira), visto no Cine OP 2021

Docudrama narrado como uma espécie de grande reportagem. A protagonista aqui é a atriz, cantora, faquireza e encantadora de serpentes Suzy King (1917-1985), encontrada morta num trailer na fronteira entre os Estados Unidos e México. King é realmente uma figura fascinante: nasceu no interior da Bahia, trabalhou com apresentações sensuais em São Paulo, Rio de Janeiro e no exterior utilizando múltiplos nomes e pseudônimos. King domava selvagens répteis que deu nomes como Cleópatra, Oséas Martins e Perón. Grande parte da narrativa são notícias antigas de jornais narradas enquanto a protagonista é interpretada por diferentes atrizes como Helena Ignez, Maura Ferreira, Zilda Mayo, entre outras. Todas muito bem dirigidas é bom ressaltar.

Os diretores pesquisaram intensamente a carreira e a vida de King tendo percorrido São Paulo, Rio de Janeiro e mesmo os Estados Unidos atrás de pessoas que conheceram essa inusitada personagem. No exterior, ela adotou o pseudônimo de Jacuí Japurá Sampaio Bailey e manteve um relacionamento com o norte-americano Bill Bailey. Este é outra figura enigmática: teve cinco casamentos sendo um adepto da contracultura e do naturalismo. Bailey montou uma casa em estrutura geodésica em formato de bola localizada em Tijuana antes de morrer. Os diretores estiveram na inusitada residência do ex-namorado da protagonista. Até hoje, muito pouco sabe-se sobre a morte da encantadora de serpentes que foi encontrada morta num trailer (como no título do filme) em 1985. A produção também foi no interior de Minas Gerais atrás do único filho de Suzy chamado Carlos que tornou-se andarilho de ruas. Trata-se de um documentário bastante completo e definitivo sobre a retratada com linguagem não acadêmica. O único ponto fraco é o excesso de informações que deixou A Senhora Que Morreu no Trailer um tanto longo. Se fosse dez ou vinte minutos menor poderia ser perfeito. Mesmo assim, a riqueza de informações e a dedicação dos realizadores é notável. Vale (muito) a sessão.



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