terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Boca do Cinema por Tony de Sousa, parte II de IV: Fiscal de cinema

Por Tony de Sousa

Rua do Triunfo, polo de produção cinematográfico entre as décadas de 1960 e 1980. Foto: Matheus Trunk

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Eligê levou-me à Boca do Cinema e começou a me apresentar a uns caras para ver se eu arranjava um emprego. Ele havia conseguido rearmar o esquema para continuar o filem dele, mas o novo produtor não quis saber de ninguém da equipe inicial. Um desses caras a quem ele me apresentou chamava-se Luiggi Nevada. Apesar desse nome meio italiano, ele parecia mesmo era um alemão. Não um alemão puro. Tinha os olhos bem azuis, a pele branca e o cabelo ruim. A pele do rosto bem estragada. Talvez tenha tido catapora ou doença semelhante quando criança que provocou aquele estrago em seu rosto. Eligê me apresentou a ele dizendo:

“Luiggi, esse é Antoninho Silva, está morando comigo. Pessoa de confiança, viu? Queria que você arranjasse um trabalho para ele.”

Luiggi me encarou de cima a baixo e perguntou:

“Você faz o que exatamente?”

“Bem, eu sou ator. Mas estou querendo trabalhar na técnica...”

“Faz o seguinte: dê uma chegada no meu escritório e a gente conversa.”

E me entregou um cartão. Fui no mesmo dia. Ficava em um prédio no número 134 da Rua do Triumpho, no nono andar.

Assim que cheguei na sala indicava vi escrito na porta: “SINDICATO DOS PRODUTORES CINEMATOGRÁFICOS. ENTRE SEM BATER”. A sala tinha várias divisórias e Luiggi estava sentado atrás de uma mesa em uma dessas divisórias. Pensei comigo: “se eu não arranjar um emprego numa fita por aqui, onde mais posso arranjar? Afinal, estou no sindicato dos produtores!”

Luiggi me mandou sentar e foi logo perguntando:

“O que você fazia antes de ser ator?”

“Trabalhava num banco.”

“E antes do banco?”

“Servi a Aeronáutica por três anos.”

“Então você sabe o que é disciplina?”

“Sei.”

“Fez muito plantão?”

“Fiz.”

“Então não vai ter dificuldade com o trabalho que eu tenho para oferecer.”

“Que trabalho que é?”

“Fiscal de porta de cinema”

“Como que é isso?”

“Os donos de sala de cinema costumam burlar os produtores na bilheteria, fazendo um tal de rodízio. O que é isso? Eles pegam os ingressos do pessoal que está entrando no cinema, e em vez de rasgar e jogar na urna, levam de volta para bilheteria. Vendem de novo o mesmo ingresso que a máquina já registrou. Tá entendendo?”

“E o que eu tenho que fazer?”

“Ficar plantado junto a catraca e olhar se o cara rasga mesmo o ingresso e joga na urna.”

“Quanto tempo?”

“O tempo que durar as sessões. Geralmente elas começam as 14 e vão até 22”.

“E quanto se paga por isso?”

Nevada falou o valor. Para facilitar vou falar quanto correspondia em dólar. Uns vinte e cinco dólares por diária. Eu não estava em condições de recusar a oferta. Disse:

“Ok. Quando começo?”

“Hoje mesmo.”

 

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Nevada mandou-me para o Cine Ipiranga, próximo a famosa esquina da Avenida São João. Estava passando o filme Amor Cigano com Syd Magaldi. Adiantou-me uns trocados para lanche e almoço e recomendou: “Faça de conta que você está de plantão no serviço militar. Não arrede o pé da catraca. Se tiver que ir ao banheiro procure ir após o início da sessão. Não entre na onda dos gerentes do cinema. Eles são cheios de truques para desviar a atenção do fiscal. Uma vez mandei um fiscal para um cinema de interior, e bem de horário de pico da sessão os caras simularam uma batida de carro em frente ao cinema. E arrolaram o fiscal como testemunha. Levaram o cara para delegacia e deram uma canseira nele. Só liberam depois do término da última sessão. Então fique esperto! Não aceite presentinho de gerente, aquela história de chamar para tomar um café...Cuidado!”

Segui as instruções de Nevada direitinho. Assim que cheguei ao cinema, ainda cedo, faltando quase uma hora para o início da primeira sessão, havia uma pequena multidão de fãs do Magaldi fazendo o maior auê na porta do cinema. Lembrei-me da história que nevada havia contado e comecei a suspeitar que aquilo fosse uma armação. As garotas perguntavam a todo instante que hora que o Magaldi ia chegar. Nevada não havia me falado dessa história do Magaldi aparecer no cinema. Ele era um tipo que cantava e dançava umas músicas ciganas e fazia muito sucesso. Então eu ficava só esperando o momento em que alguma daquelas garotas ia fingir que matava a outra e me apontar como testemunha. O que era mais suspeito na atitude delas é que não compravam ingresso. Ficavam do lado de fora fazendo barulho. Lá pras tantas, para minha surpresa, o Magaldi realmente apareceu, vestido a caráter, acompanhado por um séquito de seguranças. As garotas avançaram em cima dele, que mesmo sendo um tipo avantajado de quase dois metros, ajudado por vários seguranças, levou um tempão para se livrar delas e entrar no cinema. Quando finalmente conseguiu, o gerente do cinema veio na direção dele cumprimenta-lo e fazer um pouco de média e ele sem perda de tempo foi logo perguntando:

“Onde está o fiscal?”

O gerente apontou na minha direção. Ele veio cumprimentar-me efusivamente, elogiou o meu trabalho, pediu que continuasse alerta, e no final, quando estendeu a mão para se despedir, olhou para mim com ar de interrogação.

“Escuta, a gente já se viu antes?”

“É possível! Andei fazendo umas peças de teatro. Umas pontas nuns filmes.”

“Não, mas não é do teatro nem do cinema que eu te conheço não. Deixa pra lá. Olha cara, faz o teu serviço direitinho que se essa fita der certo, eu e o produtor Pedrinho Ronai vamos fazer outras e quem sabe pinta um papel de ator pra você...”

“Pode deixar.”

Todo mundo no cinema ficou bobo com a atenção que o cara me deu. Com o tempo que gastou conversando comigo.

 

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A segunda fita que Nevada me arranjou para fiscalizar chamava-se Amor Bandoleiro. Segundo ele, o produtor dessa fita era o mais importante do país. Luca Baeta. Eu levava tão a sério o meu trabalho de fiscal que não cedia à tentação de ir dar uma olhada na fita de vez em quando. Ficava grudado na catraca de olho nos movimentos do porteiro. Sabia que o roteiro tinha sido escrito pelo grande Leopoldo Serran. Ele e o José Louzeiro eram minhas referências de bons roteiristas. Todos filmes que tinha roteiro deles eu gostava. Meu sonho era um dia chegar a ser um roteirista tão bom quanto eles. Mas a fita, essa fita, Amor Bandoleiro eu só iria assistir tempos depois, quando já não era mais fiscal de porta de cinema.

Dessa vez, quem apareceu para conferir se eu estava fiscalizando direito foi o próprio produtor da fita, Luca Baeta. Me chamou num canto, me cumprimentou pelo trabalho e pediu:

“Sei que não é sua função, mas queria que você observasse se as pessoas que saem do cinema estão reclamando do som. O som desse filme foi mixado na França. Está perfeito. Acontece que alguns donos de cinema, deixam os projetores desregulados e povo bota a culpa na qualidade do som do filme brasileiro.”

Eu tinha uma opinião sobre o assunto, mas minha humilde condição de fiscal deixava-me temeroso de externa-la.

“O que você acha?”, ele perguntou.

Aí eu não tive dúvida:

“Para ser sincero, eu acho que existe as duas coisas. Existe isso aí que o senhor falou, do som do projetor desregulado, até porque a maioria dos filmes que eles exibem são filmes estrangeiros com legenda, e as pessoas acabam não se ligando muito no som dos diálogos, mas existe também filme brasileiro cujo som é mesmo uma porcaria!”

Ele olhou para mim meio espantado.

“O que você fazia antes de ser fiscal?”

“Trabalhava em teatro. Mas larguei tudo pelo cinema.”

“Faz o seguinte: aqui está o meu cartão. Me ligue se perceber qualquer coisa.”

E me deu um cartão da Luca Baeta Produções Cinematográficas. Pensei comigo: “Tá vendo Antoninho Silva, como Deus escreve certo por linhas tortas? Na condição de um humilde fiscal de porta de cinema você em pouco tempo entrou em contato com duas figuras importantes do mundo artístico. Syd Magaldi e Luca Baeta. Se continuar assim não duvido que vá parar em Hollywood.”

 

8

 

Luiggi Nevada me explicou que o trabalho de fiscal de porta de cinema era uma coisa meio sazonal. Usou esse termo. Eu entendi o que ele queria dizer, mas achei que ele não sabia direito o significado dessa palavra. “É melhor você ir procurando outra coisa. Não é sempre que tem fita pra fiscalizar. Algumas distribuidoras têm seus próprios fiscais. Assim como há produtor que tem fiscais contratados fixos, com registro em carteira. Mazzaropi é um deles. Mas seu negócio não é ser fiscal a vida inteira, né? Sei que você tem outras ambições.”, e me mandou fiscalizar o reprise de Guerra nas Estrelas, de George Lucas que estava passando no Cine Belas Artes. Eu já conhecia a fita, tinha assistido na estreia, achando legal e tudo mais.

Segui o mesmo esquema rígido das outras vezes. Me plantei ao lado da catraca e não desgrudava os olhos dos gestos do porteiro. Fiquei assim um tempão, e tudo corria na santa paz, sem contratempos. Até divaguei com um pensamento idiota do tipo “Já pensou se o George Lucas me aparece aqui”. E terminava com o grande produtor e diretor americano me convidando para ir “pros esteites” trabalhar com ele. Estava nessa divagação idiota quando vi de repente, na fila que se formava lá fora para comprar ingressos, a figura inconfundível de Linda Lindiane. Aquela garota de pele de porcelana, cabelos encaracolados, franjinha rente à testa, meias três quartos, olhar doce e penetrante. Era minha fã no teatro. Tinha ido assistir O Último Trem três vezes “só pra me ver”. Afastei-me rapidamente da catraca antes que ela percebesse que eu estava ali e entrei meio atordoado no banheiro. Fiquei lá um tempão fazendo hora para ver se quando saísse Linda Lindiane já tivesse entrado na sala de exibição, mas para minha sorte ou azar, assim que botei os pés de volta no saguão de entrada, um imã invisível a arrastou na minha direção. Logo que me viu veio correndo me abraçar.

“Puxa! Que coincidência! Eu estava mesmo pensando em você! Foi você que indicou esse filme, lembra?”

“Foi?”

“Nossa! Não lembra? Você falou de um jeito! Parecia até um especialista no assunto, um entendido, um erudito!”

“Assim você me deixa sem graça.”

“Verdade. Você falou de um jeito muito legal. Não só desse filme, mas de outros. De coisas que só você consegue ver num filme. Acho que descobri o seu segredo. Você assiste ao mesmo filme várias vezes, pelo jeito. Sabe, você devia mesmo fazer cinema. Falar nisso, como andam seus projetos? Você tinha largado o teatro para tentar o cinema...ah, se você não se importa, vamos entrar e procurar um lugar pra sentar.”

Eu olhava para o porteiro que estava a uma certa distância de onde nos encontrávamos e ele parecia bastante satisfeito com a minha ausência. Devia estar juntando um monte de ingressos na mão para repassá-los de volta à bilheteira. O tal do “rodízio”. Lindiane percebeu meu ar de preocupação e olhadas na direção da porta de entrada.

“Você está esperando alguém?”

“Não, não.”

“Desculpe, eu não gosto de sentar nem muito na frente nem muito atrás, nem nas laterais. Gosto do meio. Vamos entrar logo e ver se achamos um lugar.”

Ela não era do tipo que usava perfumes fortes, mas parecia ter acabado de sair do banho e cheirava a sabonete. Me digam, o que vocês fariam no meu lugar? Não me venham com demagogia do tipo “cumprimento do dever” ou algo do gênero.

Sem muito esforço fui deixando que ela me arrastasse para dentro da sala de cinema e em pouco tempo estávamos grudados um no outro, esquecendo que em volta havia uma enormidade de pessoas e um filme sendo exibido.

Luiggi Nevada chegou assim que a sessão começou e ficou um tempo esperando para ver se eu aparecia. Quase uma hora. Isso me disse quando acertou minhas contas e deixou claro que se dependesse dele, de fiscal de porte de cinema eu não trabalharia mais. E espalhou para todos os caras que contratavam fiscais que eu não era pessoa de confiança.

 

9

 

Com os trocados que recebi pelo trabalho de fiscal de porte de cinema, aliviei meu acerto de contras com Eligê, mas logo ele voltou a pegar no meu pé para encontrar um outro emprego. Foi quando fiquei sabendo que a MM Produções estava contratando gente para a produção de um seriado para televisão sobre o Marechal Rondon. Esse episódio eu já narrei no livro O Perseguidor de Fantasmas e aqui vou contar apenas um fato que não está nele.

Meu trabalho era organizar pilhas e pilhas de recortes de jornais e revistas em arquivos. Só tinha horário para entrar. A hora de sair dependia do humor do meu patrão Mário Mago. Ele havia combinado me pagar um salário mínimo por mês no período de preparação da produção e assim que começassem as filmagens, pagaria a tabela do sindicato de acordo com a função que eu fosse exercer.

Eu estava nesse serviço insano de organizar essas pilhas de recortes que Mister M me trazia todos os dias, quando entra no escritório um cara quase tão gordo quanto meu patrão. Para vocês terem uma ideia, Mister M ou Mário Mago deviam pesar cento e oitenta quilos. Esse outro gordo que entrou no escritório era daquele tipo que afina em cima e embaixo. E tinha a barriga um pouco saliente. Ficou me encarando um tempo e perguntou:

“Você é estudante do curso de cinema da ECA, meu filho?”

“Não.”

“Mas parece.”

“Eu sou autodidata.”

“Vocês metidos a intelectuais têm todos a mesma cara. Já que você parece um menino estudado, me responsa essa pergunta: quem inventou o cinema?”

“Pelo que eu sei não foi apenas uma pessoa que inventou o cinema. Foram vários inventores.”

“Quem?”

“Thomas Edison, Os irmãos Lumière, Goerge Mélçiés, Griffith, Edwin Porter...”

“Errado!”

“Quem que o senhor acha que foi?”

“Ninguém! O cinema ainda não foi inventado, meu filho! Isso aí que vocês chamam de cinema não é cinema.”

“O senhor fala dos filmes brasileiros?”

“Não, não. Qualquer desses estrangeiros que passam por aí também não é cinema.”

“Puxa, e eu comprei uma briga danada com a minha família por causa do cinema e ele ainda não foi inventado.”

“Não, não foi.”

“Então eu vou voltar para o meu emprego no Banco, e quando inventarem o cinema...”

“Não, não precisa fazer isso, meu filho. Aqui no Mario, você vai fazer cinema.”

“Como assim? Seu Mario vai inventar o cinema?”

“Não! Quem inventou o cinema fui eu! O Mario vai usar o meu equipamento.”

Mario Mago veio lá de dentro com seu sotaque italianado e foi logo falando:

“Ah Brimo! Deixa o menino trabalhar, Brimo!”

“Eu tô explicando aqui pra ele quem inventou o cinema. Pergunte pro seu patrão sobre o aparelho que eu inventei. Vai ser uma revolução ou não vai, Mário?”

“Sim, claro. Agora deixe o Antoninho trabalhar. Venha aqui tomar um café.” Os dois seguiram em direção a sala de Mister M.

Na saída, Brimo Carbone passou pela mesa onde eu estava trabalhando e deixou um cartão da Brimo Carbone Produções:

“Apareça no meu estúdio que eu vou te mostrar o equipamento que vai revolucionar o que vocês chamam de cinema.”

Um dia fui lá conhecer. Na Barra Funda. Uns galpões cheios de traquitanas, câmeras antigas, refletores e latas de filmes. Apesar de estar muito ocupado, ele parou tudo para me mostrar o tal aparelho que iria revolucionar o conceito de cinema. Por mais que me explicasse, não consegui entender como funcionava. O curioso é que durante muito tempo, ao longo dos anos, ele sempre me telefonava para contar coisas, novas invenções, como se eu fosse alguém importante, uma espécie de historiador de cinema que iria revelar ao mundo o gênio incompreendido de Brimo Carbone.

 

10

 

Depois da experiência com Mário Mago, decidi que deveria partir logo para a práxis. Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão, como dizia Glauber Rocha. Mas cadê a câmera? Eu havia visto umas câmeras em exibição numa loja da Galera Nova Barão, na região do centro, entre as Ruas Sete de Abril e Barão de Itapetininga.

Essa loja pertencia a dois irmãos de origem árabe, Salim e Saul. Salim era um tipo meio encorpado, puxado para o moreno, e tinha estatura média. Já Saul era magro, alto, rosto anguloso e pele puxando para o branco.

Fui falar com eles. Salim, o mais velho, que dava a palavra final nos negócios da loja, explicou: “Essas câmeras não são nossas. Estão aí em consignação. Algumas eu tenho autorização para usar, outras não. Mas estou pensando em adquirir uma para fazer uns trabalhos. Uns documentários. Talvez aquela ali (e me apontou uma câmera Mitchell seminova). Mas, por enquanto, não posso emprestar, nem alugar.” Havia várias outras câmeras, a maioria câmeras Super-8 e câmeras fotográficas. Umas Nikon, com cada lente de cair o queixo.

“Escuta, vocês não me aceitariam como estagiário ou algo do gênero?”, perguntei.

Salim se adiantou ao irmão e respondeu:

“Olha, na verdade, nosso negócio é bem pequeno. Eu e meu irmão tocamos isso aqui numa boa. Por enquanto, não estamos precisando. Mas passe aí outra hora, eu tô com umas ideias...Você faz o quê, exatamente?”

“Estou tentando fazer cinema. Já participei de alguns trabalhos na Rua do Triumpho. Pequenas participações como ator, fui assistente num filme por uma semana, mas agora quero mesmo é aprender a técnica. Lidar com a câmera, para ser mais exato.”

“Então passe aí outra hora e vamos conversar.”

E eu passei a ir lá quase todo dia. Ficava um tempão namorando as câmeras. Havia umas Super-i8 bem sofisticadas. Pareciam até câmeras profissionais. Uma daquelas para aprender a fotografar, enquadrar, fazer movimentos, já estava bom. Até que Salim me chamou um dia para tomar um café no Massadoro, uma lanchonete e restaurante que ficava lá perto e tinha o melhor café expresso do pedaço.

“Escuta, acho que vai pintar uma oportunidade aí pra você. Meu irmão quer ir morar no litoral e eu estou pensando em incrementar um pouco meu negócio. Vou contratar uma pessoa para tomar conta da loja e alguém pra vender documentários em fábricas. Comprei uma câmera 16 milímetros, e se você quiser, eu te ensino a lidar com ela, e você pode ser meu assistente. Só que já te adianto: não vou poder pagar nada no início. Se a coisa for pra frente, os documentários começarem a render alguma grana, eu passo a te pagar.”

Fiquei super feliz por um lado, pois era tudo que eu queria naquele momento, mas muito preocupado pelo fato de Eligê continuar no meu pé para pagar o aluguel da casa que eu dividia com ele.

 

Publicado originalmente em Sousa, Tony. Boca do Cinema. São Paulo: LCTE Editora, 2012.

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