Ody Fraga e Silva é
diretor de Cinema. Nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, há quarenta e sete
anos. Casado, recasado e deslumbrado matrimonial, tem sete filhos. Não consegue
precisar exatamente quando adoeceu do “Mal de Cinema” e efeitos correlatos.
Começou escrevendo, o que faz até hoje. Conseguiu ser conhecido no meio, o que
o levou a dirigir. Fez teatro e televisão. Começou por onde normalmente se
começa, aprendendo. Não sabe se o que está realizando é bom, mas insiste em que
continua aprendendo. Em teatro, viveu o épico momento do “desemburrecimento”.
Levou o teatro até a televisão, com Cacilda Becker, Glauce Rocha, Walmor
Chagas. Quando se infiltrou definitivamente em Cinema, aí por 1960, dirigindo
Vidas Nuas, constatou uma precariedade técnica que não difere muito de hoje. As
mesmas ilusões e desilusões, o mesmo heroísmo do material humano. Acredita que
não se começa a carreira pelo primeiro filme. O primeiro é sempre o contacto
com a verdade. Como dinheiro para produção só se consegue depois de ser
conhecido como diretor, Ody enfrentou grandes problemas para o seu primeiro,
mas lembra que a sorte e sua vivacidade em muito contribuíram para superar
tudo. Vidas Nuas saiu, ninguém sabe como, porém saiu. O resultado artístico
satisfez e o financeiro foi mais ou menos. O produtor (quem?) que o diga. Acha
que todo diretor sofre influências. Particularmente não foi e nem é
influenciado por um realizador em específico, mas por um certo estilo de
cultura dominante em sua formação. É catarinense e isso já implica num arraigado
comprometimento cultural, o alemão. Fez vários cursos, de Cinema e paralelos.
Prefere não enumerá-los. Acha desnecessário, por vivermos numa época de
informações e formações empíricas. Acredita em absorver em sua própria vivência
o lastro suficiente, o que é mais importante. Diplomas são papéis. Não define
seu estilo porque definição só se consegue pela filmografia em conjunto, quando
esta já for amadurecida. Seus últimos filmes são Macho e Fêmea, com Vera
Fischer e Mário Benvenutti, e “As Regras do Jogo”, com Nadir Fernandes, Marisa
Woodward e o mesmo Mário Benvenutti do anterior. Em qualquer momento discorre
segura e honestamente sobre Cinema Nacional. “Antes de mais nada, o que é
Cinema Nacional? Há filmes brasileiros que são mais estrangeiros que os
importados. Por nacional, deve-se entender a manifestação artística que
represente o comportamento cultural de um povo, de uma nacionalidade. Não
temos, em termos sócio-culturais, um verdadeiro Cinema Nacional, devido ás
implicações financeiras que um filme comporta. No geral, o filme é um produto
que deve dar lucros, é igual em qualquer parte do mundo. A diferença entre um
produto e outro encontra-se no apuro tecnológico e nos recursos financeiros
aplicados em sua feitura. Marginalmente, em todos os países do mundo, há gente
tentando fazer o seu Cinema Nacional. E como sofrem...” Ody vai continuar
fazendo Cinema. Vive disso. Quanto ao futuro da nossa Sétima Arte, simplesmente
diz “será”.
Um comentário:
Uau! Muito legal! Viva Ody e viva Minami Keizi.
Abraços.
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