Estive pessoalmente uma
única vez com Luiz Castillini. Era senhor um pequeno, magricelo, simpático.
Meio pessimista talvez. Fumava um cigarro atrás do outro na sua casa na Mooca,
zona leste de São Paulo. Não gostava de dar entrevistar nem de aparecer muito. Mas
foi um nome de destaque na Boca paulistana. Seus filmes flertavam com o cinema
de gênero, tinha notadamente talento para fazer filmes de terror com orçamentos
pequenos. Nascido em Barretos, iniciou sua carreira com projecionista e
trabalhou em televisão antes de chegar ao cinema. Começou na Boca trabalhando
com roteiros. Lembro que tinha grande admiração por Tony Vieira e com Ody
Fraga. Foi casado com a atriz e musa Patrícia Scalvi, um dos grandes nomes da
rua do Triunfo. Seus trabalhos de direção eram interessantes e um chegou a
participar de um festival de cinema. Segundo ele, fizeram tudo para que seu
filme não obtivesse nenhuma premiação. Por puro preconceito. Foi um dos sócios da
empresa Embrapi (Empresa Brasileira de Produtores Independentes), uma tentativa
frustrada dos realizadores não dependerem dos grandes produtores. Castillini
era um autodidata e tinha orgulho disso.
Estive com ele uma
tarde de sábado em 2012. Saímos de sua casa para ir na padaria próxima para ele
comprar mais cigarro. Eu tomei uma Coca de garrafa de vidro. Ele deve ter
tomado um café. Naquela época, o Adriano Stuart tinha acabado de morrer.
Comentei como tinha ficado nervoso porque a repercussão na imprensa tinha sido
pequena.
- Rapaz, pode ter
certeza quando eu morrer somente você vai escrever algo. Ninguém se importa com
a gente.
Castillini foi
profético.
Nenhum comentário:
Postar um comentário