sábado, 18 de março de 2017

Crítica de Ignácio de Loyola Brandão para "A Ilha do Desejo"

Fotonovela erótica? Seriado dos anos 40? Livro de subliteratura? Adivinhem o que é isso?


(Mesmo que adivinhem não tem prêmio)

Por Ignácio de Loyola Brandão

Uma matriarca de rosto pétreo, fumando uma piteira década de 20. Um mordomo, capataz japonês, faixa preta de kung-fu ou judô impotente. Um que se satisfaz com a sua moto. Um garoto débil mental que adora arrancar penas de frangos vivos ou observar a cozinheira cortando a carne sangrenta. Um empregado silencioso que guia a lancha e contempla com olhos gulosos as mulheres.

Um mocinho que faz tráfico de brancas e de repente se torna bonzinho. Meia dúzia de garotas débeis mentais que vão sendo assassinadas uma a uma. O que vocês pensam que é isto? Algumas chances de adivinhação:

1- Um seriado da década de 40?
2- Uma radionovela?
3- Uma fotonovela erótica?
4- Enredo de um livro de banca de estação rodoviária?
5- Crianças de ginásio inventando um romance policial?

Claro que vocês não acertaram nenhuma. Por que não é nada disso. Estes são os elementos que compõe uma fita chamada “A ilha do desejo”, mais um nacional pornochanchada. Que, vamos reconhecer, tem uma direção mais cuidada que a média.

Mesmo assim, vou te contar. Não cheguei ao fim do filme. E sou daqueles que não saem, sempre na esperança de que melhore. Mas quem quiser ir, vá. Mas aviso: de erotismo não tem nada, até as meninas são sobre o ruim.


Publicado originalmente no “Última Hora”, São Paulo, 28 de junho de 1975.

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Só pela presença de David Cardoso eu ficaria até o final do filme.A qualidade artística não me interessa.